Mulher que trabalhou anos em situação análoga à escravidão foi atacada por patroa com um balde de água fervente
17/07/2024Fátima Aparecida Ribeiro, de 54 anos, chegou na casa onde foi resgatada, em Belo Horizonte, quando era uma adolescente órfã de pai e mãe. A promessa da família era dar oportunidade de estudo, mas, na prática, Fátima virou uma empregada, só que sem salário.
“Nunca tive quarto, não. Deitava no chão da sala em um forrinho. Demorei para acostumar com a cama. Também não tinha pasta de dente. Para escovar, eu passava o dedo nos dentes com sabão”, conta.
Fátima mostra as marcas de queimadura que sofreu na casa da patroa quando arrumava a cozinha.
“Ela pegou uma bacia de água e jogou nas minhas duas penas. A água estava fervendo, até borbulhando.”
Paulo Gonçalves Velozo, procurador do Trabalho em Minas Gerais, destaca a prática de alguns empregadores que usam o pretexto de tratar suas trabalhadoras domésticas como membros da família para negar direitos básicos.